Entrevista Raní de Souza

Boa noite leitores. Ale falando. Como alguns sabem, outros nem tanto, tenho trabalho como bolsista da Prof. Luciane Sturm na UPF. E com o projeto Bookcrossing (do qual faço parte) tive a oportunidade de começar a participar do programa "Me leva pra casa" transmitido toda a semana na Rádio UPF (que você pode escutar ao vivo aqui). O Bookcrossing, pra quem nunca ouviu falar, é um projeto de troca e libertação de livros, várias estantes são espalhadas na UPF e qualquer pessoa que tiver interesse em alguma das obras pode trocar os livros disponíveis na estante por outros livros que tenha. No programa falamos sobre o projeto em si e também convidamos autores regionais para falar de seus livros. 
Em um desses programas tive a oportunidade (e uma grande sorte) de conhecer o autor Raní de Souza e uma de suas obras chamada "Meias furadas". Raní nasceu no interior de São Paulo, mas mora no Rio Grande do Sul desde 2012, quando começou efetivamente a atuar na literatura. 

Confira a página do autor no Facebook: Raní de Souza
Livro "Meias Furadas"

Após o encontro entrei em contato com ele e mandei uma pequena entrevista (algumas perguntas), explicando sobre o blog e dizendo que essas eram perguntas especiais para nossos leitores conhecê-lo melhor, ele gentil e carismaticamente respondeu à todas. Então confira a entrevista completa com o autor Raní de Souza:


L. A.: Como foi a sua trajetória leitora?
Raní: Como é cultural entre a cultura afro a arte de contar histórias, sempre desde muito cedo na minha família, eu sendo afrodescendente, sempre ouvi muitas histórias e sempre gostei, até hoje adoro ouvi-las. Mas também comecei cedo, lendo muitos livros no formato do meu primeiro livro Vovó Virou Criança que é pra ler e colorir, minha mãe sempre passava na banca de revista, como não havia livraria na minha cidade, comprava alguns livros desse formato e gibis do zé carioca, assim iniciei minha trajetória como leitor.

Livro "Vovó virou criança" - Primeiro livro do autor e finalista do prêmio Jabuti

L.A.: Que gênero mais gosta de ler? 
Raní: Não tenho um gênero preferido para leitura, aprendi a ler de tudo um pouquinho, depende muito do momento, por exemplo agora leio muitos livros filosóficos e alguns na área de gestão empresarial, marketing, liderança e até mesmo sobre palestra, inclusive um livro muito bom que li recentemente foi “TED Talks: o guia oficial do TED para falar em público – do Presidente do TED Chris Anderson”. Para quem não sabe o TED é um evento onde vai os melhores palestrantes falar sobre diversas áreas, recomendo é muito bom.
Conheça o TED Talks:

L.A.:Tem um autor preferido?
Raní: Não tenho um autor preferido, mas um que me encantou muito quando criança foi Maurício de Souza, aquelas cores e aqueles personagens coloridos, como eu não era muito fã da leitura, adorava passar as páginas dos gibis rapidamente, mas acabava lendo para saber o que representavam aquelas cenas dos quadrinhos. Logo depois, Zé Carioca, um outro personagem em quadrinhos que eu li muito e me divertia muito, criado por Walt Disney, mas que tenho minhas dúvidas, me fez rir muito na infância, ainda me divirto até hoje com estes gibis.

L.A.:Você começou a escrever bem cedo, o que te levou a isso?
Raní: Meu pai pintava quadros, eu não tinha dom nenhum para as telas, mas algo diferente me chamou a atenção quando comecei minhas leituras. A minha curiosidade em saber quem era aquelas pessoas que escreviam aqueles livros que eu lia, se eu poderia um dia chegar perto deles, falar com eles e como sempre fui muito observador, comecei a me aventurar nas escritas, e o que me ajudou a escrever minhas primeiras palavras como um escritor aspirante foi alguns livros de poesias de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa, mal sabia eu que eram autores tão refinados, mas aquelas palavras complexas de Pessoa e aquela melancolia misturada com amor e paixão de Drummond me fisgou e comecei a escrever poesias.

L.A.:Quais eram as tuas expectativas para a carreira de escritor? 
Raní: Como escrevi desde cedo, minha convicção de que publicaria livros um dia, era muito forte, sempre acreditei que um dia publicaria um livro, essa chama nunca morreu dentro de mim, mesmo em diversos momentos da minha vida, sempre tive a certeza viva dentro de mim que de algum jeito eu me tornaria um escritor.

L.A.:Como você sentiu-se quando publicou o primeiro livro?
Raní: Eu tive certeza que tinha escrito um livro quando peguei um exemplar na mão, depois tive a certeza absoluta quando vi toda a tiragem na minha frente, me senti realizado, mas ainda não tinha caído a ficha de que meu sonho tinha se realizado. Fiquei feliz e ao mesmo tempo senti um pouco de frustração por não ter conseguido publicar antes quando comecei a escrever, mas logo amadureci eu pensamento e percebi que se tivesse publicado antes, não teria maturidade suficiente para publicar algo que realmente tivesse sentido e que eu pudesse usar para incentivar não só crianças, mas muitos adultos.

L.A.:De onde você tira as suas inspirações para escrever? 
Raní: O meu cotidiano é minhas inspirações, é ele a fonte de todas as minhas histórias, observo, penso, questiono comigo mesmo, critico, desenvolvo minha ideia e concluo, depois corro para o papel.

L.A.:De onde nascem suas histórias?
Raní: Parece ser a mesma pergunta que a anterior, mas se percebermos o tom é diferente. Minhas histórias infantis, nascem da minha infância. Fui uma criança que de fato aproveitou muito bem. Brinquei na terra com os pés descalços, joguei bola com os meninos da minha rua, fazia e soltava pipas, jogava bola na rua, entrava no sítio dos outros com os amigos para pegar goiaba e manga, era quase um chico bento do Maurício de Souza.

L.A.:Para você como escritor, qual é a importância da leitura e o convívio com esse habito na vida das crianças?
Raní: Como eu disse na quarta pergunta, eu tinha curiosidade em saber como era a pessoa por de trás de um livro, como ela pensava, como viviam, etc. O convívio com as crianças, como escritor, é importantíssimo para que elas sintan-se motivadas a ler e escrever. Sempre digo uma frase que li em algum lugar, não me recordo onde, “ Se você não tiver o hábito da leitura, terá que passar o resto da vida acreditando no que os outros dizem”. Por isso, na verdade para que esse movimento de ler se torne um habito, tem que vir dos pais, dos responsáveis pela criança, não importa se for um gibi, um jornal, uma revistinha, até mesmo um caça palavra para estimular a leitura, mas é importante que se haja essa influência e eu me importo muito com isso.

L.A.:O que você pode dizer para quem gosta de escrever e pensa em um dia se tornar um escritor e publicar livros?
Raní: Quer escrever, mas não sabe o que? Observe ao seu redor, olhe o que acontece à sua volta. Uma história nem sempre tem um título, geralmente ele vem depois, o desafio será maior se definir um antes. Tem desejo de um dia publicar um livro? Escreva e de para algumas pessoas ler, depois leia em voz alta para você mesmo, tente leve para alguém mais experiente fazer uma revisão, faça uma pesquisa sobre quais editoras costumam publicar histórias parecidas com a sua, depois imprima em Arial tamanho 12, cuide com a formatação do texto para que saia com boa aparência, se não souber formatar, peça ajuda a quem sabe e depois envie para quantas editoras puder via correio, demora mais alguma lhe dará retorno. O mais importante de tudo, sempre acredite que você pode e que você vai ser o que você deseja ser.

L.A.:Já tem uma próxima obra em andamento? Poderia falar um pouco sobre?
Raní: Você já viu algum relacionamento pela internet dar certo? Se sim ótimo, se não, tranquilo, estou escrevendo um livro sobre eu e minha esposa, sim, estranho? Pode ser, mas nele conto sobre como nos conhecemos. Sim, pela internet, precisamente pelo Orkut em 2008, eu de São Paulo e ela do Rio Grande do Sul, como fiz, vocês podem ler em breve o novo livro. Detalhe, quando vim para casar ainda não conhecia ela pessoalmente....Este já é um projeto que venho desenvolvendo há algum tempo e pretendo ano que vem realizar palestras também neste seguimento, relacionamento à distância.


L.A.: Nós do Letras Açucaradas agradecemos imensamente sua participação e esperamos que nossos leitores leiam seu livros, assim como todas as crianças. Obrigada. 

Então, essas foram as perguntas feitas ao Raní, mas se vocês ainda estão curiosos sobre outras o autor e seus livros, podem conhecê-lo melhor e fazer-lhe perguntas, temos certeza que ele gosta muito de falar com os leitores. Basta acessar a página do Facebook: Raní de Souza.

Abraços, Boas Festas!!

Share this:

JOIN CONVERSATION

    Blogger Comment

0 comentários :

Postar um comentário