Resenha: A menina submersa - Memórias

Olá leitores!! Hoje vou falar sobre um livro que acabei de ler, se chama "A menina submersa - Memórias" , da autora Caitlín R. Kiernan, publicado pela Darkside Books. Considerado por muitos como uma "obra-prima do terror e da fantasia dark" da nova geração. A história poderia ser comparada a um conto de fadas, cheia de sereias e lobisomens, mas também é uma história de amor e de terror... India Morgan Phelps, ou apenas Imp, é a protagonista principal dessa história e sofre de esquizofrenia. Um romance repleto de camadas, mitos, mistérios, terror... Quando comecei a ler o livro, pensei na quantidade de fatos que o livro menciona, como por exemplo a história da Floresta do Suicídio, é claro, achei que fosse ficção, realmente me surpreendi ao descobrir que muitos dos dados contidos no livro são reais, e realmente isso me assustou um pouco...
O livro tem duas versões de capa:
Mas as duas versões são lindas, me encantei pela beleza do livro:
'"Vou escrever uma história de terror agora", ela datilografou. 
"Uma história de fantasmas com uma sereia e um lobo"'

Considerado uma “obra-prima do terror” da nova geração, o romance é repleto de elementos de realismo mágico e foi indicado a mais de cinco prêmios de literatura fantástica, e vencedor do importante Bram Stoker Awards 2013. No livro, a avó e a mãe de Imp se suicidaram, Imp nunca conheceu o pai, ela mora sozinha em seu apartamento e faz visitas semanais a sua psiquiatra, Dr.ª Ogilvy. O livro é um livro dentre de um livro, pois é a tentativa de Imp, a personagem, escrever sua história e tentar se livrar de suas assombrações. 
O livro faz uma visita aos clássicos Chapeuzinho Vermelho e A Pequena Sereia, mas transforma simples contos de fadas em assombrações reais. 
Imp conta a história de como conheceu a namorada, Abalyn, de como as duas passaram a viver juntas. Então ela relata o que aconteceu logo depois, em uma noite que passava pela estrada e ela conheceu ela... Eva Canning. Claro que antes disso é nos apresentado o fato de que Imp é obcecada por sereias, ela guarda uma pasta com lendas locais sobre pessoas que supostamente se afogaram no rio Blackstone em Massachusetts. Quando Eva Canning aparece, Imp vê sua obsessão se tornar real. Ela passa a vê-la em todos os lugares, e sua mante cria duas versões da Eva Canning, como se realmente existissem duas e uma fosse uma sereia e a outra fosse um lobo...
Imp escreve como para ela as duas histórias eram realmente reais, mas ela sabia que só uma poderia ser factual, mas não sabia qual a verdadeira.
Muitas passagens do livro parecem ser alucinações, criadas pela cabeça de Imp, mas um tema é extremamente recorrente, o suicídio. Foi isso que mais me impressionou no livro. Como eu disse ela fala sobre uma suposta "Floresta do Suicídio", o fato é que essa floresta realmente existe, é conhecida também como Mar de Árvores e se situa no monte Fuji no Japão. As árvores na floresta são muito densas e impedem a entrada de ar e também um pouco a entrada de luz, tornando o local silencioso e macabro. A popularidade da floresta como lugar de suicídios surgiu em 1960, na novela Kuroi Jukai (Mar sombrio das árvores), de Seichō Matsumoto, que termina com dois amantes cometendo suicídio na floresta. Desde então esse é o segundo lugar no mundo onde as pessoas mais vão a fim de cometer suicídio, somente fica atrás da Ponte Golden Gate.
O livro nos faz pensar sobre a morte e as razões que levam as pessoas a cometer suicídio.
Não se assuste: é um livro dentro de um livro, e a incoerência uma isca para uma viagem mais profunda, onde a autora se aproxima de grandes nomes como Edgar Allan Poe e HP Lovecraft, que enxergaram o terror em um universo simples e trivial – na rua ao lado ou nas plácidas águas escuras do rio que passa perto de casa –, e sabem que o medo real nos habita. Caitlín dialoga ainda com o universo insólito de artistas como P.G. Wodehouse, David Lynch e Tim Burton, e o enigmático personagem Sandman, de Neil Gaiman, com quem aliás, trabalhou, escrevendo The Dreaming, spin-off derivado da obra-prima de Gaiman. A Menina Submersa evoca também as obras de Lewis Carrol, Emily Dickinson e a Ofélia, de Hamlet, clássica peça de Shakespeare, além de referências diretas a artistas mulheres que deram um fim trágico à sua existência, como a escritora Virginia Woolf. Com uma narração intrigante, não linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico. A epígrafe do livro, retirada de uma música da banda Radiohead – “There There” –, diz muito sobre o que nos espera: “Sempre há um canto de sereia que te seduz para o naufrágio”. A Menina Submersa é como esse canto, que nos hipnotiza até que tenhamos virado a última página, e fica conosco para sempre ao lado de nossas melhores lembranças.


"Não vejo muita resolução no mundo. Nascemos, vivemos e morremos, e no fim disso há somente uma confusão feia de negócios inacabados" - Imp



Espero que gostem,
BEIJINHOS

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